Foi no passado dia 11 de Janeiro que se comemorou o Dia do Controle da Poluição por Agrotóxicos
no Brasil, e foi com o intuito de
assinalar essa mesma data, que realizei esta ilustração para o site Mulheres Jornalistas.
https://mulheresjornalistas.com/dia-do-controle-da-poluicao-por-agrotoxicos/podcasts/charge/
Os chamados agrotóxicos
começaram por ser utilizados para controlar pragas e doenças nas plantações agrícolas,
mas o seu uso contínuo, e muitas vezes indiscriminado e abusivo, depressa começou
a causar danos colaterais no solo, na água, no ar, nos consumidores... e na saúde
dos trabalhadores agrícolas, uma vez que, uma grande parte dos agricultores não
utiliza sequer o equipamento adequado de protecção.
Vários estudos revelam que
o Brasil não só é o país que mais agrotóxicos consome, como
é também, o país que consome os agrotóxicos mais nefastos. O sector agrícola é
o que concentra a maior fatia, e o próprio governo brasileiro
não só não faz nada para resolver esta situação, como inclusive, oferece estímulos fiscais a quem decidir utilizar agrotóxicos, (ou não tivesse o sistema político e a
indústria, muito a ganhar com estas “gigantes”), fazendo assim, com que o Glifosato seja actualmente um dos pesticidas que mais brasileiros mata por intoxicação.
Importa referir, que o consumo prolongado de comida com excesso
de agrotóxicos provoca problemas neurológicos, cancro e mal formações nos
fetos em gestação.
Há muito se ouve falar do
Glifosato da Monsanto, do Endosulfan
da Dupont, da Syngenta, etc… gigantes contra as quais foram levantadas várias
Petições e vários estudos ao longo da última década, isto já para não falar nos processos movidos contra a Monsanto.
Em 2016 com a aquisição
da Monsanto, a Bayer transforma-se na
maior agroquímica do mundo, e em finais
de 2017 a Comissão Europeia dá luz verde para que
o Glifosato seja utilizado durante
mais cinco anos, isto, apesar de ter sido entregue uma Petição da AVAAZ com
mais de um milhão de assinaturas, de cidadãos e cidadãs de toda a Europa, a
pedir a sua proibição.
Entre
2017 e 2020 foram efectuadas várias auditórias aos Estados-Membros, e em Maio
de 2020 foram apresentadas metas para uma redução de 50% da utilização dos pesticidas químicos... e... dos pesticidas mais perigosos. Mas como bem sabemos,
da apresentação das metas à implementação das mesmas, vai outro enorme passo.
Os
agrotóxicos são sem dúvida alguma um problema muito sério, problema esse, que está muito longe de se cingir a
um único país.
Segundo
dados da Plataforma Transgénicos Fora,
da qual a Quercus é membro e
parceira, em 2016 Portugal revelava uma contaminação
descontrolada de Glifosato, com valores cerca de 20 vezes mais elevados que
os detetados noutros países europeus... e… 260 vezes acima do que é permitido
na água para consumo humano. O glifosato, para além de encontrado em análises
feitas à urina e à água, foi também encontrado em análises de rotina feitas a alimentos,
ao ar, ao sangue e ao leite materno.
Em Novembro de 2020, o parlamento Português
aprovou a votação na especialidade do Orçamento do Estado para 2021
(OE2021), com uma proposta do PAN,
que proíbe a comercialização para usos
não profissionais de herbicidas contendo Glifosato. Votaram contra esta
proposta o PCP e o PSD, abstiveram-se o Chega e a Iniciativa Liberal, votaram a favor o PAN, o Bloco de Esquerda
e o PS, contudo, dada a falta de
fiscalização, muitas são ainda as autarquias que utilizam o Glifosato em
espaços públicos.
Além disso, o Glifosato "foi abolido" dos espaços públicos e foi proibida a venda
para usos não profissionais, mas, as grandes indústrias não só podem, como
continuam a usá-lo, permitindo desta forma que o Glifosato permaneça bem
presente na nossa agricultura… e na nossa mesa.
Já no Brasil, a ANVISA não só não está a conseguir
controlar a situação, como parece sucumbir cada vez mais ao lobby das indústrias, o que faz com que
o Brasil tenha batido o recorde em 2021,
ao liberalizar 562 agrotóxicos.
Vivemos num mundo cada
vez mais cinzento e doente, onde até os alimentos de aparência saudável e
robusta, estão cada vez mais envenenados.
Mas voltando à ilustração – deixo-vos para terminar, um pouquinho do processo pelo qual ela passou,
assim como, o resultado final, que podem encontrar também no site "Mulheres
Jornalistas", cujo link deixei mais acima.
Espero que gostem ❤